segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

De volta!

Umas semanas nos Países Baixos com amigos e familia afastada e depois volto pra descobrir que a versão anterior do Fruto d'Avis recebeu uma enchorrada de visitas de monárquicos. Confesso que fiquei surpreso.

Desconheço o que passou pela cabeça de todos eles quando leram o que saiu do meu caderno de notas para a internet, mas pelo que me constou parece que neste blogue houve mostras de maior ou menor ultraje. Principalmente por eu propôr uma monarquia laica. A eles faz-lhes impressão a vida fora da sacristia, a mim ninguém me convence que a restauração do trono português possa alguma vez passar pelo restabelecimento da confessionalidade do Estado. E não o faz porque defender uma religião de Estado ou uma identidade alicerçada no catolicismo é o mesmo que olhar para o lado e fingir que o mundo não passou do século XIX, que não há diversidade religiosa ou novas formas de família, e é não perceber a tremenda falta de bom senso que é usar argumentos teológicos para formular conclusões políticas. De pessoas que tanto querem engrandecer o seu país eu esperava maior consciência da História e das lições desta, mas alguns individuos preferem ser como a velha guarda: nada aprendem e nada esquecem.

Por isso engana-se quem pensou que semanas de silêncio da minha parte implicava mudança de ideias ou perda de impeto. Antes pelo contrário, a estadia em paragens repletas de mentes mais abertas e atentas ao mundo em redor foram férteis em novos pensamentos que atempadamente publicarei aqui. E garanto que o que escrevo não é por querer uma monarquia qualquer: é precisamente por ponderar sobre uma com pés e cabeça, moderna e aberta, que proponho que ela seja laica e electiva (ainda não tinha mencionado este último detalhe, pois não?). Se me contentasse com o ter um rei por ter eu não estaria a dar-me ao trabalho de pesquisar e formular ideias: teria simplesmente entrado para as fileiras do PPM sem ter que esforçar muito a cabeça.

1 comentário:

O Corcunda disse...

Nós temos vindo a discutir a monarquia e nenhum dos argumentos tem sido teológico, embora só um néscio creia que qualquer argumento não tenha implicações metafísicas...

Se quiser argumentar e discutir, tudo bem. Mas estar a inventar argumentos que nós não temos utilizado é disparate e má vontade.

O que terá de explicar é porque é a sua concepção de monarquia se funda na Laicidade e na Diversidade. Porque razão imperativa é que estes têm de ser os valores da sociedade? E porque é que a Monarquia, que sempre foi católica e repleta de Valores, deve ser sacrificada ao altar dos seus ídolos (que ainda para mais são falsos)?

O Corcunda

PS- Este blogue é o ramo monárquico da ILGA?